quarta-feira, 6 de julho de 2011

Analisando imagens!

Analise a imagem abaixo e compare com o gráfico que está na aula -  qual a soma total dos investimentos em industrialização e transporte? Por que a charge exemplifica bem as prioridades do governo JK? Em sua opinião, por que essas prioridades foram distribuídas dessa forma? Imagine qual seria a resposta do trabalhador ao presidente e escreva!


segunda-feira, 6 de junho de 2011

os Estados Unidos sabiam ou não sobre o ataque à Pearl Harbor?

De acordo com alguns historiadores, o governo americano sabia com antecedência que o Japão atacaria sua base no Havaí. Mas nada fez porque era o pretexto que buscava para entrar na Segunda Guerra
por Leandro Quintanilha
O sol mal havia anunciado a manhã do domingo quando um radar, instalado dias antes, acusou a aproximação de um grupo de aviões ao paradisíaco arquipélago havaiano. O alerta de nada adiantou. Os oficiais responsáveis confundiram o ataque inimigo com a chegada previamente agendada de novas aeronaves. Em duas horas, os japoneses feriram e mataram 3581 pessoas e destruíram 18 navios e 249 aviões de Pearl Harbor, base naval e quartel-general que os americanos mantinham no Pacífico. No dia seguinte, os Estados Unidos entraram oficialmente na Segunda Guerra Mundial.

O ataque ocorreu em 7 de dezembro de 1941, data que os americanos lembrariam depois como o “Dia da Infâmia”. Passados mais de 60 anos, ainda não há um consenso a respeito de uma das mais maquiavélicas hipóteses levantadas sobre o ataque: a de que o governo americano sabia, com razoável antecedência, de tudo o que aconteceria naquela trágica manhã. Afinal, Pearl Harbor foi motivo ou pretexto para a entrada dos Estados Unidos na guerra?

O historiador americano John Toland é um dos estudiosos que defendem a tese de que o ataque a Pearl Harbor não foi nenhuma surpresa para os governantes dos Estados Unidos. O serviço secreto americano teria interceptado e decifrado mensagens dos japoneses dando conta da iminência do ataque à base naval no Havaí. Mas o então presidente Franklin Delano Roosevelt teria preferido “fechar os olhos” para a agressão nipônica, pois queria convencer os americanos – até então contrários à participação na guerra – sobre a necessidade de o país se juntar aos Aliados. Toland escreveu dois livros sobre o assunto, ainda inéditos no Brasil: Infamy (“Infâmia”) e The Rising Sun: The Decline and Fall of the Japanese Empire (“O Sol Nascente: o Declínio e a Queda do Império Japonês”, numa tradução livre). Este último narra a Guerra do Pacífico do ponto de vista japonês e rendeu ao autor o Prêmio Pulitzer de jornalismo.

Na opinião de Maria Aparecida de Aquino, professora de História Contemporânea na Universidade de São Paulo (USP), a tese de Toland é plausível. “Os Estados Unidos já ajudavam os Aliados com suprimentos desde o começo da guerra (1939)”, diz ela. “Era preciso justificar o envio de soldados americanos para um conflito até então eminentemente europeu.” Segundo a professora, antes do ataque a Pearl Harbor, a guerra parecia muito distante das necessidades imediatas do cidadão médio americano.

Mas a rivalidade com o Japão já somava anos. De todo o Oriente, o arquipélago japonês era o único totalmente independente do colonialismo euro-americano. E o Japão foi também o único país da Ásia a derrotar uma potência européia. Em 1904, na guerra russo-nipônica, conquistou duas grandes vitórias, uma naval (Tsushima) e outra terrestre (Port Arthur), tornando-se a mais poderosa força militar do Extremo Oriente.

Por tudo isso, os Estados Unidos, a França e a Grã-Bretanha trataram de se aproximar da China nas primeiras décadas do século 20. A estratégia era contrabalançar o crescente vigor do Japão, que se expandira para a ilha de Taiwan, a península da Coréia e a Manchúria (região do nordeste da China). Tomando partido da China, os Estados Unidos adotaram uma severa política de embargos contra o Japão, com a supressão da venda de aço e petróleo, produtos estratégicos para as operações militares japonesas. O Japão deveria recuar em todas as frentes conquistadas nos anos anteriores para que o boicote fosse suspenso – uma condição ultrajante aos olhos do imperador japonês Hiroíto.

Motivos não bastam

No correr da primeira metade do século passado, a polaridade Japão–EUA firmou-se como uma disputa quase declarada pela hegemonia do continente asiático. Para o governo americano, entrar numa guerra contra o Japão parecia, portanto, muito oportuno. Mas a história é como os tribunais – motivos, por si sós, não fazem culpados. “Não há nenhum indício, nenhum documento, nenhum testemunho sequer que possa confirmar a tese de que o governo Roosevelt sabia previamente do ataque”, afirma o historiador e escritor Voltaire Schilling, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Segundo Schilling, a direita americana da época tinha ligações com o Eixo. “Ela lançou essa mentira para difamar Roosevelt, apontando-o como enganador do povo americano.” Nos Estados Unidos, há uma lei que torna os documentos do Estado disponíveis para análise pública depois de 20 anos. O presidente Richard Nixon, republicano eleito em 1969, tratou de revirar os arquivos da Segunda Guerra em busca de provas contra Roosevelt. Nada encontrou. “E jamais encontrarão algo, pela simples razão de que nenhum estadista, muito menos Roosevelt, ousaria perder grande parte da sua esquadra num momento em que uma crise se espalhava pelo mundo, apenas para motivar o povo à guerra”, diz Schilling

Com o ataque a Pearl Harbor, o almirante Isoroku Yamamoto pôs fora de combate toda a esquadra americana do Pacífico e fez com que, por um bom período, o grande oceano se tornasse um lago japonês. Até que os Estados Unidos se recuperassem, as forças nipônicas puderam montar um complexo sistema de defesa espalhado pelas ilhas do Pacífico.

Schilling aponta também que dezenas de pessoas trabalhavam para o presidente – oficiais do Pentágono e funcionários da Casa Branca, telefonistas, telegrafistas, secretárias etc. “Essas pessoas não ficariam de boca fechada, deixando o país ser friamente atacado sem fazer nada, apenas para agradar ao chefe.”

Mas a negligência americana no episódio foi notável. Mesmo Schilling se impressiona com o fato de que, em Pearl Harbor, todo o sistema de alerta tenha miseravelmente falhado. Houve trapalhadas com os radares, as primeiras informações sobre os vôos rasantes dos aviões japoneses não foram levadas a sério, não havia patrulhas aéreas... Como que para facilitar a destruição, os navios estavam ancorados muito próximos uns dos outros. Quando um era atingido, o fogo logo chegava ao vizinho, seguindo facilmente seu caminho incendiário. Não surpreende que tamanho amadorismo dê até hoje munição para os defensores de teorias conspiratórias.

Mas há de se desculpar em parte o descuido americano. Naqueles dias, os japoneses estavam ocupados com as ilhas Filipinas, bem longe do Havaí, perto da China. Era difícil imaginar que eles investiriam tanto numa força-tarefa tão distante de casa.

O ataque começou às 7h53, na hora local. No Japão, já eram 3h53 do dia seguinte, 8 de dezembro. Os aviões japoneses atacaram em duas vagas. Juntas, em duas horas, elas mandaram 353 aviões a Oahu, o arquipélago de Pearl Harbor. A primeira vaga foi liderada por 186 torpedeiros-bombardeiros, aproveitando a surpresa da chegada para atacar os navios no porto, enquanto bombardeiros-de-mergulho destruíam as bases aéreas. O segundo grupamento, com 168 aviões, atacou o campo Bellows e a ilha Ford, uma base militar no meio de Pearl Harbor. Entre os navios, o afundamento mais trágico foi o do Arizona, que submergiu com 1106 marinheiros. Em nenhuma outra época os Estados Unidos haviam perdido tanta gente em tão pouco tempo. Nos dias que se seguiram, a população americana foi rapidamente tomada pela revolta e pelo desejo de vingança. A entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra tornou-se inevitável.

O ataque japonês parece hoje um tiro no pé. A vitória em Pearl Harbor foi efêmera. Basta lembrar o trágico desfecho que teria a Segunda Guerra: o lançamento de duas bombas atômicas pelos americanos, sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945. “Foi um recado para o mundo”, diz a historiadora Maria Aparecida. “Muito antes das bombas, já estava claro que os japoneses perderiam a guerra.”

No memorável discurso pós-ataque, em 9 de dezembro de 1941, quatro anos antes do lançamento das bombas atômicas sobre o Japão, o presidente americano Roosevelt havia declarado: “Nós, americanos, não somos destruidores – somos construtores”. Foi quando classificou o episódio do ataque japonês como o “Dia da Infâmia”. Numa guerra motivada pelo expansionismo, que envolveu nazi-facismo, ataques-surpresa, supostas omissões maquiavélicas e duas bombas atômicas, é difícil dizer qual foi a infâmia maior.
E então? O que você acha? Poste um comentário, dando sua opinião, com base no texto que acabou de ler!

Por que as cidades são alvos preferenciais durante as guerras?

Para responder à esta questão, pense em termos estratégicos: tenha em mente que as cidades são, também, pontos onde se localizam unidades de abastecimento. Qual a importância em termos de objetivos militares?

quarta-feira, 18 de maio de 2011

D. Pedro I: uma visão diferente...

Dom Pedro I: a volta do imperador : por Reinaldo Lopes e Rodrigo Cavalcante (retirado da revista Aventuras na História)

Desde criança, todo brasileiro está acostumado a ver dom Pedro I de pelo menos duas maneiras. A primeira é aquela dos livros didáticos, com sua pose sisuda, porte imperial e tão (pouco) atraente como uma estátua mal conservada em praça pública. A segunda versão, mais popular, é a do dom Pedro intempestivo, mulherengo, uma espécie de latin lover (se você tem mais de 30 anos, provavelmente lembra do então galã Tarcísio Meira no filme Independência ou Morte, reprisado inúmeras vezes na Sessão da Tarde durante a década de 1980). Enfim, o português temperamental que proclamou a independência em um acesso de fúria à margem do rio Ipiranga, em meio a um forte desarranjo intestinal.

O que pouca gente sabe é que, entre essas duas versões, há outra face de dom Pedro bem menos conhecida no Brasil que só agora começa a ser resgatada. “Ele se tornou um símbolo de liberdade na Europa na década de 1830”, diz Isabel Vargues, professora de História da Universidade de Coimbra, em Portugal. “Em meio a inúmeros monarcas conservadores que estavam de volta ao poder nesse período, Pedro IV foi considerado um estadista moderno que inaugurou um período liberal no país.” (Não estranhe: “Pedro IV” é como nosso dom Pedro I passou a ser chamado pelos portugueses após ser proclamado rei em sua terra natal.)
E não é apenas em Portugal que a trajetória de dom Pedro I está sendo revisitada. Aqui mesmo, no Brasil, novas pesquisas e biografias estão revelando um lado fascinante do homem que conseguiu transformar a América Portuguesa em uma única nação, destino bem diferente do da América Espanhola – que se fragmentou em várias repúblicas.
“Não se trata de negar defeitos do caráter de dom Pedro I, mas de reconhecer que ele foi um estadista avançado quando comparado aos seus pares da época”, diz Braz Brancato, professor de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e estudioso da vida de dom Pedro após sua volta para a Europa. “Além disso, ele conseguiu governar em um dos períodos mais turbulentos para os regimes monárquicos, que estavam caindo a todo momento.”

Após a independência, prevalecia o consenso de que o Brasil precisava de uma Constituição própria. Apesar de defender princípios liberais, dom Pedro temia que o poder da Assembléia Constituinte eleita em 1823 ameaçasse seu governo, o que poderia também levar à fragmentação do Império. Após se sentir desafiado pelos parlamentares oposicionistas, ele dissolveu a Assembléia em novembro e, em março de 1824, outorgou uma Constituição elaborada por um conselho de dez membros que ele mesmo indicara.

“Por muito tempo, essa medida autoritária terminou ofuscando o reconhecimento do avanço do texto constitucional imposto por dom Pedro”, diz a historiadora Lucia Bastos Neves, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. A nova Constituição incluía direitos pouco comuns para a época, como a liberdade de crença e culto concedida a adeptos de religiões não-cristãs.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

"O petróleo é nosso", ontem e o Pré-Sal hoje...

Assista aos vídeos a seguir. Aponte duas passagens onde podemos identificar semelhanças da ideologia trabalhista e nacionalista de Getulio Vargas! Não esqueça as instruções para fazer os comentários!


Mussolini...

"A poltrona e as pantufas são as ruínas do homem..."

(Benito Mussolini)

Lembra do samba sobre os trabalhadores no Estado Novo? O que você acha que existe em comum entre a frase de Mussolini acima e a letra do samba? Use o espaço abaixo para comentar! Não esqueça de assinar sua postagem: escreva seu nome e turma e, se não tiver blog, comente como "anônimo". É fácil!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

TRABALHO PARA A TURMA 3001




Leia o texto a seguir, retirado da revista Aventuras na História:

O fim da URSS: adeus, Kremlin
Pouco mais de 74 anos após a Revolução de outubro, o fim da URSS surpreendeu o mundo.
por Rodrigo Cavalcante
No dia 8 de dezembro de 1991, o então presidente dos EUA, George Bush, o pai, atendeu a um telefonema de Moscou. “Hoje, teve lugar um acontecimento muito importante em nosso país”, disse do outro lado da linha o líder russo Boris Yeltsin, que completou: “Gorbachev não tem conhecimento destes desdobramentos”. Bush não demorou muito para entender o que havia acontecido. Yeltsin, sem consultar Gorbachev, acabara de extinguir a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Para alguns historiadores, como o inglês Eric Hobsbawn, o evento não marcou apenas a queda da URSS e do socialismo no Leste Europeu: selou o fim do próprio século 20.

À época, nem o mais preparado analista internacional apostaria que os uniformes com a sigla CCCP, temida como símbolo do poder soviético tanto na guerra quanto nas Olimpíadas, tornariam-se, em pouco tempo, ícones fashion retrô usados por jovens em clubes noturnos na Europa. Apesar da surpresa, os historiadores sabem hoje que o fim da URSS não foi por morte súbita, mas por uma espécie de doença degenerativa cujas causas tiveram origem muitas décadas antes, quando a Segunda Guerra Mundial sequer havia acabado.

Da guerra quente à fria

Se alguém tivesse de escolher um instante preciso da história para marcar o início da Guerra Fria, não haveria momento melhor do que às 19h30 do dia 24 de julho de 1945. Tudo aconteceu no intervalo de uma das sessões da Conferência de Potsdam, nos arredores de Berlim, quando Josef Stálin, Harry Truman e Winston Churchill, respectivos líderes da URSS, dos EUA e da Inglaterra, traçavam o destino do mundo – especialmente a partilha da Alemanha, que havia se rendido em maio, e o desfecho da guerra contra os japoneses, que ainda não haviam se rendido. Naquela noite quente do verão alemão, Truman aproveitou o fim de uma sessão da conferência para comentar com Stálin que os EUA estavam de posse de uma nova arma, com “inusitado poder destrutivo”. De acordo com Churchill e outras testemunhas, Stálin, como um bom jogador, permaneceu impassível e não mexeu um músculo da face. Simplesmente agradeceu a informação passada por Truman e desejou que os americanos usassem o novo artefato com “sucesso contra o Japão”. O resto, você já sabe: menos de um mês depois, caíram as primeiras bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki.

Hoje, os historiadores acreditam que a decisão de lançar as bombas sobre o Japão não teve como objetivo apenas abreviar o desfecho da Segunda Guerra. Conforme escreveu o historiador Charles L. Mee, autor de Paz em Berlim, Truman sabia que, ao usá-las, estaria demonstrando que tinha poder de sobra para dispensar qualquer ajuda soviética contra o Japão. O presidente americano esperava que tal demonstração impedisse Stálin de pretender algum domínio na região após a guerra.

Ainda durante a Conferência de Potsdam, os líderes dos EUA e da Inglaterra já anteviam que a Europa seria dividida em duas zonas de influência: a Ocidental, capitalista, sob influência dos EUA, e a Oriental, comunista, ajudada pela URSS. A fronteira entre “as duas Europas” seria a própria Alemanha, também dividida. Ao disputarem a hegemonia na região, americanos e soviéticos sabiam: o que realmente estava em jogo era a hegemonia mundial. Ao contrário dos EUA, que adotaram uma estratégia de domínio indireto, o intervencionismo militar da URSS na Europa revelaria logo suas fragilidades.

Tudo estava muito claro. Enquanto os tanques russos partiam em direção à Alemanha para combater os nazistas, os países que ficavam no meio do caminho precisavam ser dominados pelo Exército Vermelho para “garantir a retaguarda”. Como a maioria desses países estava com a economia e o sistema político em frangalhos, os soviéticos usaram uma estratégia simples: fortaleciam as lideranças comunistas locais e levavam-nas ao poder desde que, é claro, elas se lembrassem de que não deveriam contrariar as diretrizes do Partido Comunista soviético.

Um ótimo plano, não fosse por um “detalhe”: a população desses países gostava de pensar por conta própria. Quando multidões resolviam ir às ruas para reivindicar que seus países seguissem o caminho que quisessem rumo ao comunismo, os soviéticos não hesitavam em lembrar ao proletariado que o preço a ser pago pela igualdade econômica era a perda da liberdade política. Foi assim na Hungria, em 1956, e na Tchecoslováquia, em 1968 – a famosa Primavera de Praga.

A outra revolução

Na Europa Ocidental, a economia ia muito bem. Turbinada pela ajuda dos EUA, que prosperava como nunca no pós-guerra, o nível de renda dos trabalhadores em países como República Federal Alemã, França e Itália crescia a um ritmo acelerado, bem superior ao de seus companheiros no mundo comunista. Sem falar, é claro, na maior liberdade. De propósito, o mundo capitalista resolveu fazer de Berlim Ocidental sua vitrine mais reluzente, justamente porque essa parte da cidade acabou transformada em uma ilha capitalista encravada na comunista República Democrática Alemã. Quando percebeu que a tal “vitrine” exercia uma enorme atração sobre os berlinenses, que preferiam trabalhar no lado ocidental da cidade, a administração do setor oriental viu-se obrigada a erguer, em 1961, o Muro de Berlim.

Já do lado oriental, o cenário econômico não era dos mais animadores. Entre a década de 1930 e o início da década de 1960, a consolidação da URSS como potência industrial teve por base o que os economistas chamam de “crescimento extensivo”. Trocando em miúdos: o importante era aumentar a produção a qualquer custo, utilizando a maior quantidade possível de mão-de-obra e de recursos naturais. Agora, porém, o mundo estava prestes a entrar em uma nova fase econômica, que mais tarde ficaria conhecida como a Terceira Revolução Industrial – nome dado às mudanças na produção de bens e serviços provocados pelo avanço da microeletrônica e dos sistemas computadorizados.

Na década de 1970, fábricas projetadas para produzir em série um determinado produto passaram a ser substituídas por plantas industriais automatizadas e muito mais flexíveis, capazes de se adaptar às variações de demanda no mercado consumidor. A linha de montagem criada por Henry Ford, por exemplo. Ela revolucionou a fabricação de carros nas primeiras décadas do século 20, quando foi inventada. Mas já não já dava conta do recado nos anos 70 e começou a ser trocada pelo modelo da japonesa Toyota – cujas linhas de montagem ágeis e descentralizadas permitiam que os engenheiros fizessem mudanças em tempo real, um salto e tanto na inovação de produtos. Enquanto isso, trabalhadores da Alemanha Oriental tinham de esperar anos para poderem dirigir seus poluentes e antiquados Trabants, símbolos da ineficiência das montadoras socialistas.

Como ficaria claro mais tarde, essa flexibilização era incompatível com o planejamento rígido e centralizado das fábricas soviéticas. “A defasagem tecnológica com o Ocidente foi se tornando cada vez maior, chegando a um ponto crítico em meados dos anos 70 e tornando-se um fosso catastrófico na década de 80”, escreveu o historiador Angelo Segrillo em O Declínio da URSS. Não bastasse a defasagem econômica da década de 1980, os soviéticos teriam de enfrentar a ascensão de novos personagens que, juntos, estavam prontos para desafiar a velha ordem soviética.

Atores finais

O primeiro chamava-se Karol Wojtyla, que também foi ator, poeta, autor teatral e atleta, até ser nomeado arcebispo de Cracóvia, em 1964. Catorze anos depois, seus colegas cardeais elegeram-no o primeiro papa não-italiano em 455 anos. Como João Paulo II, ele desempenharia um papel importante na desestabilização do regimes socialistas do Leste Europeu. “Quando ele beijou o solo no aeroporto de Varsóvia, no dia 2 de junho de 1979, deflagrou o processo pelo qual o comunismo na Polônia, e depois em toda parte na Europa, teria fim”, escreveu o historiador americano John Lewis Gaddis, em seu livro A História da Guerra Fria. “Outros logo seguiram seus passos”.

Inspirado pelo papa, o segundo polonês a desafiar o comunismo foi o eletricista Lech Walesa que, em agosto de 1980, postou-se diante do portão do estaleiro Lenin, na cidade de Gdansk, para anunciar a criação do Solidariedade – o primeiro sindicato independente de um país comunista. Enquanto isso, nos EUA e na Inglaterra, despontava um casal que, ao menos ideologicamente, foram feitos um para o outro.

Tanto o presidente americano na época, Ronald Reagan, como a então primeira-ministra britânica, Margareth Thatcher, pareciam ter nascido com a missão de resgatar a reputação do capitalismo no Ocidente e afastar de vez o espectro comunista do mundo. Para isso, Thatcher começou seu trabalho em casa, iniciando uma onda de privatizações na Inglaterra para recuperar a confiança na livre-iniciativa do país, cuja economia vinha dando sinais de cansaço. Reagan, ex-ator, fez da luta contra o comunismo quase um roteiro de Hollywood, cujos heróis – como o pugilista Rock Balboa, da série Rock, ou a dançarina Alex Owens, de Flashdance – tornaram-se símbolos da celebração da iniciativa individual. Em meio à ascensão de líderes que se comportavam como astros, faltava apenas que a URSS substituísse seu ator principal. Mas quando Gorbachev chegou ao poder, em 1985, ele não podia imaginar que seria o último a viver o papel de secretário-geral da URSS.

“A formação de Gorbachev era de advogado e não de ator, mas ele compreendia os usos da personalidade pelo menos tão bem quanto Reagan”, escreveu o historiador John Gaddis. “Pela primeira vez desde que a Guerra Fria começou, a URSS tinha um governante que não parecia sinistro, grosseiro, indiferente, senil ou perigoso”.

Inicialmente, Gorbachev acreditou que conseguiria levar a URSS a um final feliz, desde que convencesse seus companheiros de partido das reformas necessárias para reerguer o país. Mas seus planos de reestruturação econômica (Perestroika) e transparência política (Glasnost) não tiveram o mesmo sucesso que os acordos de desarmamento que o fizeram Nobel da Paz. À medida que Gorbachev surpreendia o mundo com discursos pregando a distensão do regime, a pressão interna dos cidadãos que viviam no Leste Europeu parecia prestes a explodir, sem que seus governantes pudessem ter nenhum controle sobre as manifestações contra o comunismo.

Último capítulo

A explosão veio em 1989, ano do bicentenário da Revolução Francesa. Em junho, depois que Gorbachev deu a entender ao novo primeiro-ministro da Hungria que reconhecia que a revolta de 1956 tinha começado em virtude da insatisfação do povo, mais de 200 mil húngaros sentiram-se à vontade para ir à cerimônia do “novo funeral” de Imre Nagy, que liderara a revolta e fora executado por ordem de Kruschev. Três meses depois, com a retirada da cerca de arame farpado ao longo da fronteira entre a Hungria e a Áustria, milhares de alemães orientais cruzaram o território húngaro para aproveitar a “janela aberta” e escapar para o Ocidente. Na Polônia, o sindicato Solidariedade não apenas tinha sido reconhecido, como seus líderes foram autorizados a se candidatar a cargos para a câmara baixa do país – ganhando o maior número de cadeiras. E quando milhares de manifestantes foram aclamar Gorbachev durante uma visita a Berlim Oriental, muitos levaram cartazes com dizeres como “Gorby, socorro!” ou “Gorby, fique aqui!”. O líder soviético voltou para Moscou convencido de que o regime socialista da Alemanha Oriental estava ameaçado.

No dia 9 de novembro daquele ano, o mundo inteiro assistiu pela TV à materialização dos temores de Gorbachev. O governo alemão, pressionado, viu-se obrigado a “relaxar” as regras que impediam a viagem para o Ocidente. O novo decreto, lido de maneira confusa por um subordinado da emissora de televisão estatal, fez com que milhares de berlinenses se dirigissem aos postos de controle. Impotentes diante de tamanha multidão, os guardas acabaram abrindo os portões. E veio abaixo o Muro de Berlim.

Ainda em novembro, o governante comunista da Bulgária, Todor Zhivkov, no poder desde 1954, anunciou seu afastamento. Sete dias depois, manifestações na Tchecoslováquia fizeram com que um governo de coalizão liderado por Alexandre Dubcek, líder da Primavera de Praga em 1968, tomasse o poder dos comunistas. Em 17 de dezembro, manifestantes na Romênia foram alvejados por ordem do líder romeno Nicolau Ceausescu. Resultado: 97 pessoas mortas e o início de uma revolta popular que terminou com o julgamento sumário e o assassinato de Ceausescu e de sua esposa no dia de natal de 1989.

O próprio Gorbachev foi surpreendido no desfile de primeiro de maio de 1990, na Praça Vermelha, com manifestantes trazendo faixas nas quais lia-se: “Abaixo Gorbachev! Abaixo o Socialismo e o Império Vermelho fascista”. Àquela altura, ele já estava consciente de que havia perdido o controle do processo que iniciara. Se uma série de Estados europeus buscava um caminho próprio, por que o mesmo não poderia ser reivindicado por Lituânia, Moldávia, Ucrânia ou qualquer outra república da URSS? Quando alguns desses Estados começaram a proclamar independência, Gorbachev viu-se diante de um impasse: ou usaria a força bruta, como nos velhos tempos, ou aceitaria ver a desintegração do país. Enquanto não encontrava uma saída, seu governo foi vítima de um golpe militar, cuja resistência foi liderada por Boris Yeltsin – o mesmo homem que, no dia 8 de dezembro de 1991, decretaria o fim da URSS em um telefonema ao então presidente americano, George Bush. No Natal daquele ano, Gorbachev passou a Yeltsin os códigos necessários para disparar um ataque nuclear. E assinou o decreto oficial do fim da URSS.

O texto diz, logo no início, que a URSS não acabou de repente, mas por causas que ocorreram muitas décadas antes. Aponte a PRINCIPAL dessas causas, em apenas UMA FRASE (não quero textos imensos!). Postagens liberadas até a próxima sexta-feira, dia 10 de dezembro. Boa sorte! (nas imagens, símbolos da antiga União Soviética (CCCP, em russo): um cartaz, a camisa da seleção de futebol, a foice e o martelo).